De onde vem o Baião? Do Barro do chão  

O Projeto “De onde vem o baião? Vem do barro, do barro do chão”, nasceu da necessidade de dar continuidade um conjunto de iniciativas de valorização e reconhecimento dos saberes e fazeres da população idosa, troncos velhos fincados no barro do chão do Assentamento Tiracanga, realizando-se a a partir daí um conjunto de ações formativas, artísticas e estéticas intergeracionais.  

 

 

Sobre o projeto

O Assentamento Tiracanga, situado no município de Canindé, tem na agricultura familiar e na produção agropecuária as bases fundamentais da manutenção e subsistência das unidades familiares, compreendendo tais atividades produtivas, enquanto mediação de respostas às necessidades humanas no campo material. A relação com a terra e a natureza, perpassa as relações cotidianas, constituindo a dimensão subjetiva dos camponeses, a partir de valores de pertencimento ao território camponês. Essa relação considera o campo como espaço de produção amplo de sentido e da vida, rompendo com as visões caricatas e estigmatizadas do espaço agrário e/ou rural, como locus de atraso. Vale salientar que o assentamento apresenta nestes últimos anos o envelhecimento da população local. Estes homens e mulheres idosos reelaboram estratégias de vida de maneira mais significativa a partir do trabalho na terra; com a memória e acontecimento processual da vida no campo, produzindo para além de valores humanos e coletivos de relações de solidariedade no interior do cotidiano, produções artísticas através de versos e poesias sobre a realidade, lançando de forma oral, a história que se reconta nos espaços de sociabilidade do Assentamento, a exemplo dos encontros, que ocorrem na Casa Comunitária.

Deste pressuposto, o projeto  “De onde vem o baião? Vem do barro, do barro do chão” realizou-se com o registro em audiovisual das histórias, memórias e saberes das pessoas mais velhas; realizou-se caminhadas musicais pela comunidade denominadas de Barro do Chão, animadas pelo forró pé de serra através de carro de som; promoveu-se pequenas rodas de conversa no terreiro dos idosos, promovendo diálogos intergeracionais fortalecendo a dimensão subjetiva desses segmentos sociais a partir da produção e da fruição da arte e da cultura, mediante a história oral. A partir disso, sistematizou-se e produziu-se cordéis de forma conjunta entre novos e velhos, elaborando um registro memorial e poético da história local. Vale dizer que o projeto também se propôs a pensar a interferência dos ritmos musicais nos espaços de lazer e sociabilidade do Assentamento, aportando elementos para a pensar a ressignificação da cultural local em relação com a cultura de massa; como ainda refletir o debate de gênero. Assim, as iniciativas construídas perspectivou desenvolver processos artísticos e formativos, constituídos a partir dos saberes vivos da comunidade, tendo a arte como geradora de consciência, pertencimento e autoestima, detentora da potencialidade e diálogos entre as gerações.

 

Fotos

Atividades da Rede de Arte e Cultura na Reforma Agrária 

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