Arte, diversidade sexual e de gênero no território camponês 

 O projeto buscou desenvolver oficinas artístico-pedagógicas permitindo as juventudes refletirem criticamente sobre a construção social e cultural das sexualidades no espaço agrário, de forma, a estabelecer olhares e perspectivas humanistas sobre a potencialidade da diversidade humana, em sua relação com o território, o corpo e o desejo.

 

 

 

Sobre o projeto

O contexto agrário brasileiro dispõe de uma realidade que guarda a particularidade sócio-histórica e cultural, do latifúndio, da escravização, como do cis-heteropatriarcado. Este espaço, historicamente, sofreu com processos de violências e ausências, não acessando condições dignas para a maioria dos sujeitos camponeses. A conquista de direitos, a exemplo da política de reforma agrária, se coloca como reparação histórica e necessária aos camponeses que tiveram sua condição objetiva de vida expropriada pela lógica latifundista-capitalista.

 Esses sujeitos Sem Terra, mediante a luta, passaram a construir processos de organização e mobilização social, produzindo referências para qualificar a vida no território a partir do acesso a terra e ao trabalho, mediante a objetivação das necessidades humanas. Ao mesmo tempo, que algumas delas, como o direito de amar e existir livremente conforme sua orientação sexual e identidade de gênero confrontam-se com as determinações das relações sociais de sexo, sustentadas no cis-heteropatriarcado.        

 É perceptível no contexto dos territórios camponeses, a heteronormatividade, e por conseguinte, a família monogâmica, como modelo central das relações humanas, e das vivências afetivo-sexuais. Esse modelo de família produz a coesão social da comunidade, a partir da conjugalidade, parentalidade, e sucessão geracional. Contudo este movimento encontra-se alicerçado numa visão religiosa e moral-conservadora; bem como no reforço a divisão sexual do trabalho, a partir das atividades da casa vinculadas mais ao feminino, e as atividades de produção agropecuária vinculada ao masculino, ainda que as mulheres também participem dessas últimas. Deste modo, as lésbicas, gays, travestis, transexuais e transgêneros que assumem sua sexualidade nesse contexto tendem a sofrer fortemente o preconceito e a discriminação.

Vale salientar que no contexto de emergência de saúde pública, em decorrência do novo coronavírus (Covid-19) as opressões tendem a se agravarem, por conta do isolamento social, medida fundamental, no enfrentamento a pandemia. Com isso, as violências e/ou violações tendem a ganharem maior força, haja vista o distanciamento, com os espaços de denúncia e/ou rede de acolhida e apoio. Os dados de violência registram historicamente que o silenciamento e/ou invisibilidade se materializam em espaços familiares, sendo os responsáveis pelas agressões ou ofensas membros da unidade familiar e/ou alguém próximo. Nisto, ao pensar as LGBT’s no espaço agrário, consideramos que neste âmbito atípico da vida social, as violências e opressões, tendem a ocorrer de maneira mais incisiva para esta população.

Neste sentido, o projeto “Arte, Diversidade Sexual e de Gênero no Território Camponês” busca desenvolver oficinas artístico-pedagógicas com os coletivos de juventudes da Rede de Arte e Cultura na Reforma Agrária Ceará (PACRA) propiciando percursos metodológicos que permitam as juventudes refletirem criticamente sobre a construção social e cultural das sexualidades no espaço agrário, de forma, a estabelecer olhares e perspectivas humanistas sobre a potencialidade da diversidade humana, em sua relação com o território, o corpo e o desejo.

 

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